O que seria hoje de nossa cidade se a Zona Sul, maior arrecadadora de impostos da cidade e maior ponto de atração turística do Rio de Janeiro, se tivesse hoje boa parte de seu território favelizado. No Leblon, onde hoje conhecemos como Selva de Pedra, localizava-se a favela da Praia do Pinto. Quando passamos pelo Parque da Catacumba, na Lagoa, sequer lembramos da favela que um dia existiu ali. E a famosa Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) que foi feita após a desfalização da Favela do Esqueleto. Estas três comunidades foram extintas na década de 60. Das três, a que gerou resistência e polêmica foi a da Praia do Pinto. Já havia um processo de remoção das famílias, mas um incêndio acelerou todo o processo. Não se sabe até hoje, o que provocou o fogo.
A favela do Esqueleto, na Tijuca, na Zona Norte da cidade, começou a ser erguida onde seria o Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil . Como o hospital nunca ficou pronto deu lugar a famílias pobres. Após uma década, as famílias foram removidas e a Uerj construída. Além da universidade, também foi construída no espaço da antiga favela um bom pedaço da Avenida Radial Oeste. Na favela do Esqueleto a remoção foi pacífica. Houve cadastramento dos moradores que foram levados para conjuntos habitacionais.
Já a favela da Catacumba, localizada em Ipanema, com vista privilegiada para a Lagoa Rodrigo de Freitas, foi extinta na década de 70. A maioria das famílias ( Cerca de cem mil pessoas, se juntarmos as três comunidades) foram transferidas para casas no subúrbio e na Zona Oeste do Rio.
Não concordo com a remoção para áreas tão distantes. Defendo que a transferência dos moradores de comunidades, no caso de transferência em um processo de desfavelização de nossa cidade, seja feita para locais próximos dos grandes centros empregadores e que o morador gaste basicamente o mesmo tempo para chegar ao seu trabalho ou escola que gastava antes.
Uma coisa não podemos negar: com a remoção destas três favelas, o Rio ganhou muito e os moradores também. Apesar de transferidos para locais distantes de onde moravam, puderam ter acesso à infra-estrutura, como água encanada e esgoto, além da conquista dos títulos de propriedade de suas casas. Isto foi possível um dia e é lamentável que hoje não se fale mais em desfavelização, que não se faça mais políticas como esta.
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